segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Pensamentos

Problemática, meu objetivo agora é problematizar. Gostaria de fazer uma reflexão e também um desabafo sobre toda essa história da disciplina de plástica. Ao entrar na faculdade, nos deparamos com coisas novas, professores experientes , me deparo com possibilidades, caminhos a seguir, mas me pergunto: o que quero da arquitetura? Ou melhor, o que quero dar à arquitetura? Não quero me ater aos 99% da humanidade que pensa a arquitetura ser um objeto de consumo, uma profissão de escolhedores de mobília, levantadores de paredes, designers de interiores, arquitetos por título de nobreza, por assim dizer. Não quero me deparar com frases poéticas do uso da arquitetura, que nada servem a não ser enaltecer seus autores. Arquitetura é aquilo que eu quero que ela seja. Quero me perguntar o que posso acrescentar à arquitetura.
Sobre o atual trabalho da disciplina de plástica: a intervenção. Muito discutimos sem chegar ao lugar querido. Uma bronca merecida do Cabral pela maioria da turma encarar o curso como uma coisa secundária em suas vidas. OK. Estamos mal acostumados? Estamos, devemos admitir, concordo plenamente com as palavras do Cabral. Porém, penso que em algum lugar a conexão entre alunos e professores se perdeu, a partir da hora em que esses resolveram colocar em problema as questões atuais sobre os rumos da arquitetura, como interatividade, tecnologia dentro da arquitetura, utilização de softwares, etc. Penso que esses assuntos são de um potencial imenso para nossas mentes frescas na arquitetura, porém um tanto audacioso e sem fundamento, vista a nossa inexperiência imediata, o que me faz sentir que há uma vontade de nos enfiar uma falsa sensação de poder na arquitetura, quando queremos passar a ditar regras para a criação de supostas vanguardas, lideradas pelo carro da interatividade e do circuitos, e softwares, e “brunch”. Em suma, o que quero dizer é que antes de aprender a desenhar um circulo, aprenda a desenhar um quadrado, pois se a questão é romper barreiras e regras pré-definidas, devemos antes conhecê-las mais a fundo, senão corremos o risco de não termos no que nos basear, não ter argumentos para discutir, o que ao meu ver, é muito importante neste início de curso. Se devo saber o que é um circuito, devo saber o que é eletricidade, e por ai vai. A tecnologia está aí, um exemplo é a própria descoberta do manuseio da eletricidade, o surgimento da lâmpada incandescente, fluorescente, halógenas, e com isso o aperfeiçoamento de sistemas de iluminação, inclusive inovações dentro da arquitetura por causa delas, no conforto ambiental e outros campos, mas pergunto: as pessoas simplesmente deixaram de comprar velas? Você que está lendo, nunca comprou uma vela decorativa? Artesanal? De cera? De parafina? Colorida? Em formato de flor? Nunca viu como um jantar à luz de velas pode enriquecer uma experiência que ficaria talvez sem graça com uma iluminação artificial elétrica? Afinal, quando a luz acaba, sempre procuramos pelas velas. Devemos ter consciência de que as vanguardas são movimentos alternativos, não no sentido de serem paralelos, mas complementares entre si, o que quer dizer que o surgimento de uma coisa não deve implicar no abandono de outra, simplesmente o surgimento de uma nova visão ou problemática previamente ignorada.
Hoje temos o nosso fluxo de informações muito mais eficiente e rápido, possibilitando o acesso mais fácil do conhecimento, porém o que não alcança essa rapidez é a nossa capacidade de assimilar toda essa informação. Poderíamos talvez dizer que a produção do conhecimento cresce em escala geométrica, enquanto nossa capacidade de lidar com ele cresce em escala aritmética. Por isso acho difícil inovar sem antes praticar o que está convencionado. Pelo menos acho que não adiantará de nada fazermos instalaçãoes interativas, pra depois voltarmos às pranchetas, desperdiçamos tempo.

Um comentário:

  1. Disse que daria uma segunda lida no texto, e o fiz.
    Me desculpa, jose, mas acredito que nao concordo com praticamente tudo oque vc escreveu.

    Poderiamos estar vivenciando um curso de plastica como todos os outros, aquela coisa bem bauhaus, do seculo passado. Mas nao. Somos poucos no mundo que temos acesso a uma coisa absolutamente nova, que eh a aplicacao da interatividade e tecnologia na arquitetura.
    Acho sim, que para criarmos alguma vanguarda necessitamos de uma boa base do convencional(do contrario, poderiamos "criar" oque ja existia). Acontece que nao estamos criando vanguarda alguma trabalhando dessa forma. Os professores estao nos guiando a uma tendencia do futuro do nosso proprio oficio. Alguns vao preferir mobiliar casa de madame, outros vao optar por projetos de engenharia, outros sei la oque, mas vivenciar essa experiencia, tenho certeza que abriu a cabeca de muita gente para algo novo. E nos deu uma visao muito mais rica do QUE EH A ARQUITETURA (e oque ela pode vir a ser, se no fim do curso formos capazes de cria-la).
    O curso no proximo semestre vai entrar sim, na mesmisse da prancheta. Mas quem vai escolher se vai ou nao aplicar oque foi aprendido no atelie integrado na sua vida profissional (e ate mesmo na PRANCHETA) eh vc.

    Ninguem abriu mao do analogico em funcao do tecnologico. Mas porque nao conhecer BEM os dois para convergi-los de forma a enriquecer a nossa ARQUITETURA?

    pense bem nisso. =)
    beijos

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